quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Minha casa é território estrangeiro

Os noticiários estão falando sobre o golpe de estado em Honduras porque Brasil acabou entrando no meio de campo, dando asilo ao presidente deposto. Ficou um clima pesado, inclusive após o ex-presidente  retornar ao seu país e ficar protegido na Embaixada Brasileira. Pelos tratados internacionais uma Embaixada é território estrangeiro, é território do país que representa. Na teoria, o tal presidente está no Brasil ainda, mesmo estando em seu país. Algo respeitado pela maioria das nações. E mesmo num momento onde o Brasil não deveria intrometer-se ainda é respeitado.
Funciona mais ou menos como uma gota de óleo quando cai na água. Não mistura. Quase todas as pessoas já tiveram contato com essa experiência. Mas nem todo mundo sabe que apesar de não misturar-se imediatamente, o óleo vai diluindo na água, de forma que 1 litro de óleo contamina 1 milhão de litros de água. O cristão no mundo é como uma gota de óleo no meio da água ou conforme o apóstolo Paulo, um embaixador de sua pátria, o Reino dos Céus:
Se alguém está em Cristo, é uma nova criação; passou o que era velho, eis que se fez novo. Mas todas as coisas vêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus em Cristo estava reconciliando o mundo consigo, não lhes imputando as suas transgressões, e tendo confiado a nós a palavra da reconciliação. Somos, portanto, embaixadores por Cristo, como se Deus exortasse por nós; por Cristo vos rogamos que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que nós nos tornássemos justiça de Deus nele.  2 Co 5:17-21 (destaque pessoal)
 E como um embaixador não se envolve com os costumes do país onde se encontra, mas somente do país ao qual pertence, assim os cristãos devem viver. O cristão deve ser um elo entre o local onde vive e mora e o local ao qual pertence. Pelo seu jeito de andar, falar, vestir e viver deve demonstrar sua origem, sua nacionalidade celestial. Ao mesmo tempo que respeita a cultura onde vive. Deve contaminar a sociedade com sua cidadania dos céus e como embaixador, proclamar a Paz de Deus aos que estão em rebelião.
Os dias são maus, mas o tempo é propício a salvação, a proclamação do reino dos céus, de onde somos e para onde vamos. Não nos envergonhemos da cruz, não tenhamos temor do que nos pode fazer o mundo, Ele venceu o mundo. Que nosso olhar, nosso amor e dedicação estejam em Jesus, nosso Salvador, Rei, Deus e Senhor.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quem é o tal?

Está ficando difícil não compartilhar a riqueza dos devocionais diários. Dessa feita Jesus estava saindo de Nazaré após a prisão de João Batista, para Cafarnaum na Galiléia, uma cidade a beira-mar. Não diz se foi logo chegando ou depois de já estar morando por ali que Jesus passou por uns pescadores na beira do mar da Galiléia e disse: 
Venham após mim, que farei de vocês pescadores de homens. 
Eles deixaram as redes e o seguiram. Eram os irmãos Pedro e André. Logo depois passou por outro barco e viu outros dois irmãos com seu pai e os chamou também. Eles deixaram as redes e seu pai e o seguiram. Eram Tiago e João. 
A primeira coisa a pensar é que, eles conhecendo Jesus, só podiam mesmo segui-lo. Mas Jesus era conhecido? Na Galiléia? Teve campanha no rádio, na TV, nos jornais com semanas de antecedência avisando da chegada de Jesus? Colocaram um outdoor avisando: "Na semana que vem, pregando pela Galiléia, Jesus de Nazaré (pode vir alguma coisa boa de Nazaré?)." É possível e até provável que Jesus fosse um completo desconhecido, exceto pela ocasião do seu batismo, mas como não tinha celular com câmera lá, ninguém sabia quem tinha sido o batizado especial. Então por que seguiram ele sem nenhum questionamento? 
Agora pensando nos chamados: por que ele chamou dois pares de irmãos que estavam ali pescando? Não eram escribas, não eram doutores da lei, não eram influentes, nem qualificados para o ministério. Eram homens pobres, simplórios e até rudes. Pior: eram irmãos. Quem tem irmãos de idades próximas sabe o quanto isso é bom e como pode ser ruim. Mas Jesus chamou e eles seguiram. Tinha algo neles de especial?
Vamos começar falando de Jesus, o Filho do Deus Todo Poderoso, Criador dos Céus e da Terra, Senhor dos Senhores e Rei dos Reis. Jesus, o Deus Vivo, o Verbo em Carne, o Primogênito de toda a criação, por meio de quem foram feitas todas as coisas e sem o qual nenhuma delas existiria. Ele chama quem quer. Mas melhor e mais importante: Ele é o Bom Pastor, conhece suas ovelhas, elas conhecem sua voz e o seguem. Simples assim. Quando Jesus chama, Ele chama. Sua autoridade precede o universo e sua existência.
Agora os discípulos... Eram alguma coisa especiais? Lembro sempre de Pedro e suas constantes mancadas. Sim, Pedro falava fora de hora, e tinha algumas idéias confusas. Exemplos: queria andar com Jesus sobre as águas. Andou e afundou porque teve medo. Quando Jesus falava do seu sofrimento e morte iminente, Pedro chamou ele num cantinho e o repreendeu. Jesus disse: Arreda Satanás, porque só pensas nas coisas terrenas e dos homens e não entende as coisas de Deus. No episódio da transfiguração no monte, Pedro se adiantou e falou em montar tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, aí o próprio Deus interrompeu Pedro dizendo: "Este é meu filho muito amado em quem me comprazo, a ele ouvi." Sem contar que Pedro foi quem disse que jamais deixaria Jesus e foi o primeiro a negá-lo. Os irmãos Tiago e João não eram menos problemáticos. Se lembrarmos bem, foram esses que pediram para sentar um à direita e outro à esquerda de Jesus no reino, e foram os que começaram a discussão sobre quem era o maior entre os discípulos. Interessante observar ainda que tudo isso aconteceu não no começo do caminhar deles com Jesus, mas até os últimos dias. Eles eram humanos, errados, arrogantes, egoístas, etc. etc.
Assim é possível concluir o seguinte: Quando alguém é chamado, não o é, por ser o tal alguém. Mas porque Jesus nele pode torná-lo um servo, em alguém digno de dar a vida por seus irmãos. Beber do seu cálice que nada mais é do que participar dos seus sofrimentos. Esta, a maior honra de um homem. 

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Tenho saudade. Sinto falta de Ti...

Pensei sobre a amizade. Pensei no que havia ouvido. Talvez a imagem que melhor retrate o sentimento e a lembrança seja a que o Pequeno Príncipe trazia à memória quando falava do seu pequeno planetinha, da sua rosa, do seu vulcão, do temor aos baobás.
Estávamos no fim do almoço, momento que separamos recentemente para um pequeno devocional em família. Líamos sobre João Batista, sobre a forma como ele tinha claro sua identidade, como ele soube quem era Jesus e da forma como viveu aqui. Lembramos que depois de experimentar de forma maravilhosa a presença de Jesus e as confirmações sobre seu ministério, João foi levado à prisão e seguidamente sentenciado à morte, momento de profunda angústia e tristeza para qualquer pessoa. Então João enviou seus discípulos a perguntar para Jesus se era ele o cara, ou deveriam esperar outro. Que pergunta hein? Depois de tudo, depois de tanto? Felizmente Jesus não respondeu isso. Tampouco disse um simples "sim" ou "não". Jesus respondeu:
Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim. Mt 11:4-6
Jesus lembrou gentilmente a João a Palavra pela qual ele mesmo conhecia a sua identidade e a de seu Salvador. Não foi uma experiência que João teve que determinou seu ministério, nem que revelou a ele a pessoa de Jesus. Foi a Bíblia que ele tinha em casa, que seus pais liam com ele e sobre a qual ouvia nas sinagogas. Não era exatamente nossa Bíblia, era um conjunto de livros normalmente tratados como "a Lei e os Profetas". Os mesmos livros que os escribas utilizaram para saber onde o Cristo haveria de nascer, os mesmos livros que Jesus lia, que seus contemporâneos estudavam e que falavam de forma tão clara dele.
João não temeu perguntar, porque Jesus havia se feito acessível. João não temeu ser julgado, nem condenado por questionar. Ele teve medo e perguntou. Mas perguntou à pessoa certa. Não perguntou aos seus carcereiros, nem ao tirano que o prendeu, menos ainda aos religiosos da época. Ele pediu a Jesus que desse algum indício. E Jesus tocou onde era sensível: lembrou-lhe da Palavra, por onde havia conhecido todas as coisas do tempo que vivia.
Depois do pequeno estudo, minha esposa orou agradecendo pela Palavra, e pela forma como hoje podemos conhecer Jesus tão claramente, sabendo que temos muito mais em nossas mãos do que mesmo João Batista teve. Agradecendo pela revelação e pedindo que o Senhor nos mantivesse assim, aprendendo dEle e conhecendo Sua vontade através do mais perfeito modo disponível: a Bíblia, pedindo para pudéssemos guardar sua Palavra, mantê-la perto, em nossa boca e em nosso coração para cumprí-la. 
Meu filho Davi, de 3 anos e 10 meses, seguiu orando e disse assim: 
Jesus, brigado porque tu vive no meu coração... porque cuida de mim... E eu sinto falta de ti Jesus! Mas eu sei que o Senhor, tá no céu e não tá longe, mas tá sempre pertinho da gente, no nosso coração, amém. 
Jamili e eu nos olhamos imediatamente, quase chorando, enquanto ele abre os olhinhos sorrindo e cita parte de um cântico: 
Que não vive longe lá no céu... (e continuamos cantando) sem se importar comigo, mas agora ao meu lado está, cada dia sinto seu cuidar, ajudando-me a caminhar, tudo Ele é prá mim.
 Sentimos falta de ti também Senhor. Esperamos o dia em que vamos nos encontrar contigo, e viveremos para sempre perto do Senhor, que nos amou e por nós morreu. Saudades...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Grande Perda

Naturalmente perda é sofrimento. Significa que algo que lhe era comum e familiar não será mais. Um espaço vazio se abrirá e será temporária e indefinidamente preenchido por tristeza e saudosismo. Medo, culpa e insegurança ocuparão esse espaço mesmo que não seja o lugar deles ali. E assim começa um novo ciclo de vida.
Perder a confiança de alguém ou em alguém é encontrar-se num lugar igualmente tomado pela dor. E essa é uma das perdas mais cruéis dentre tantas que pode-se passar na vida. O mundo hoje é reconhecidamente um lugar de coisas transitórias e descartáveis, já não se confia naturalmente em entidades de qualquer grau, nem em pessoas de qualquer tipo.
Porém encontra-se no núcleo da sociedade a entidade da família onde a confiança é algo apreciado, desejado e até vivenciado diariamente. A mulher confia no marido, que este sendo o provedor e o responsável pelo cuidado da família, esteja apto a desempenhar suas funções e continuar crescendo a medida que o tempo passa. O marido confia na mulher, esta sendo a principal tutora dos filhos e mantenedora do lar, que preencha seu tempo com qualidade e aprenda a usá-lo com maior responsabilidade e eficiência, sabendo-se que nos dias atuais, o tempo é divido entre o lar e o trabalho em muitos casos.
Ainda na família, havendo filhos, estes buscam constante aprovação e confiança dos pais desde cedo, para cada vez mais tornarem-se independentes e maduros através das experiências vividas. O casal da mesma forma, aprecia confiar nos filhos, procura ensinar-lhes princípios básicos de sobrevivência cotidiana e certa moral, esperando também que os filhos confiem em sua sabedoria e experiência para tanto.
A estagnação da moral, e até seu retrocesso, tem por base a falta de confiança na instituição da família. A confiança perdida na família, perdida no casamento e dentro dele, afeta os filhos e suas escolhas, bem como seu futuro. Surge então um mundo onde ser amoral é ser normal, ser inconsistente é comum e quebrar as regras torna-se prazer e lazer. Se perde quase tudo ao deixar a confiança esvair-se mesmo que lentamente.