segunda-feira, 29 de junho de 2009

Texto antigo sobre a Liberdade.

07/04/2004 (data da postagem original em um blog antigo)

Decálogo sobre Liberdade como prefácio crítico à Aeropagítica, de John Milton, editada pela Top-Books, 1999.


1. Só existe um modo de ser livre: ser o opressor.

2. O escravo quase sempre é colaborador de sua escravidão.

3. A Constituição, que institui que todo homem tem direito à liberdade, não conhece o homem padrão. Ele tem que ser obrigado à liberdade.

4. A liberdade absoluta só existe em momentos-limite, quando não se tem mais nada a perder.

5. A satisfação de nosso ego (liberdade) só é alcançada em detrimento de algum outro (ou de muitos outros) ego. Portanto a liberdade mesmo utópica só poderá ser a média da satisfação de todos os egos. Uma insatisfação. Uma mediocridade.

6. Deve-se exigir toda liberdade dos que estão acima. E ser leniente na exigência de contrapartida dos que estão abaixo. Mas o contrário é mais factível.

7. O carcereiro não pode vigiar o prisioneiro o tempo todo. O encarcerado pode fugir a qualquer descuido. Donde o prisioneiro ser (filosoficamente) mais livre do que o carcereiro.

8. As prisões mais sujas, todos sabem, são as mais livres.

9. Ninguém pode nos dar liberdade. Mas qualquer um pode tirar, a começar pelos pais, trazendo-nos ao mundo em condições inadequadas.

10. Com liberdade total o mais forte domina o mais fraco em nome de sua liberdade, o mais inteligente espezinha o mais ignorante em nome de sua inteligência, o mais belo seduz mais em detrimento do fisicamente destituído. Franklin, ao fazer o lema da revolução francesa, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, usou o elemento conciliador e humanístico Fraternidade para sugerir um equilíbrio impossível no paradoxo Liberdade x Igualdade.

Comentando

Ainda incomoda a mim o fato da religiosidade atual arrogar tanto o tal "livre-arbítrio" como pressuposto do Amor de Deus. Considerando ainda o mundo, que desconhece a Deus, percebe estar cativo em suas fraquezas, acorrentado na sua própria maldade e concupiscência. Somos sim responsáveis por nossas escolhas, dentro da liberdade moral, ainda que sujeitos a todo tipo de constrangimento e persuasão. Sendo garantia de que nunca escolheríamos a Deus por nossa liberdade depravada, que nenhum homem natural se voltaria ao Criador em tal condição. O texto abaixo afirma que o Amor de Deus, ao contrário do pensamento comum, é revelado através da privação da nossa escolha pessoal em prol da salvação, o que resultará em Glória unicamente ao Todo Poderoso, o Grande EU SOU. Somos, afinal, o louvor da Sua Misericórdia!



Romanos 8,18-21
Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.

sexta-feira, 5 de junho de 2009