segunda-feira, 4 de junho de 2012

Conhece o Programa de Milhas para Jesus?



De companhias aéreas a postos de gasolina, de farmácias a lojas de departamentos, os programas de fidelização tornaram-se uma febre e a maioria deles é conversível em milhas para compra de pacotes de viagem e passagens por valores muito baixos.
E a idéia é mais antiga do que se imagina...
Há quase 2 mil anos, Jesus, em seu conhecido sermão do monte, instituiu o primeiro programa para acúmulo de milhas. E, diferente dos programas atuais, não era um programa para fidelizar seus seguidores, mas para favorecer seus inimigos.
Sob o domínio do império romano, os cidadãos dos povos subjugados, se solicitados por um soldado romano, eram obrigados a caminhar uma milha carregando sua bagagem. O povo judeu estava sob o império romano, e esperava que seu Messias viesse livrá-los do jugo. Mas Jesus, frustrando as expectativas, propõe o inusitado. Chega afirmando que seus discípulos devem, se solicitados a caminhar uma milha, ir adiante, de livre e espontânea vontade, a segunda milha. E vai além: Ensina a dar àquele que lhe pede e não desviar do caminho daquele que necessita da sua ajuda, amar os inimigos e por eles orar.
Mesmo que o primeiro beneficiado com o programa de milhagens de Jesus fosse o inimigo: "Tome sua milha de um seguidor de Jesus e ganhe a segunda milha automaticamente", certamente não será menos favorecido aquele que dessa forma obedece e serve, ainda que em momento algum o texto bíblico no sermão de Jesus tome essa ênfase. Na verdade ele reforça com veemência a atitude da segunda milha:
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Mateus 5:39-44
Conhecer pessoas que estão acumulando milhas entregues ao Senhor Jesus é um privilégio que poucos têm experimentado. Os dias são de louvor ao egocentrismo, de incentivo ao amor próprio, de elevação da auto-estima. O mundo está gritando: SATISFAÇA SEUS DESEJOS, SIGA SEUS INSTINTOS, OBEDEÇA SUA VONTADE! O Senhor Jesus permanece manso e suave em sua Palavra sussurando: Negue a si mesmo, dê a si mesmo, não viva mais para seu umbigo...
Andar ao lado de pessoas que, não se conformando em andar a segunda milha, seguem a terceira, a quarta... a centésima milha, dão o seu tempo, sua vida, seus bens, nada disso considerando seu, ensina que a vida conforme o mundo é escravidão, mas que a vida segundo a Palavra, sem a ajuda do Autor, também pode ser difícil. Ainda bem que Ele mesmo nos garante:
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Adoração Extravagante


Recentemente coloquei  para tocar no carro um dos cds antigos (daqueles que nos são presenteados e que a gente jamais compraria) e tentei deixar-me embalar pela música, mas a mente desperta e esclarecida (cf. 2Pe 3:1) não deixou passar quase nada. Primeiramente por afirmações antibíblicas que beiram ao absurdo, mas também e principalmente, pela lembrança de algumas passagens bíblicas sobre adoração, e o formato da adoração, que nada tinham a ver com a letra das músicas ou com o estilo defendido pelos intérpretes.

Devo admitir que, por muito tempo, fui adepto e defensor de um estilo musical que permitisse explorar os sentimentos e que, a meu ver, ajudava no arrependimento e na cura dos corações. Isso porque eu queria que fosse assim, porque sou sentimental, emotivo e passional. Então, andando na Palavra e deixando-a sobrepor aos sentimentos pude ver com clareza meu engano. É importante esclarecer que a música cristã me emociona, a Palavra de Deus cantada me toca, atinge o âmago de meu ser, limpa, cura e transforma minha vida. Isso jamais deixou de ser um fato.
E qual seria a diferença que procuro salientar? A linha divisória não é tênue, nem imperceptível. Pelo contrário é clara e tangível. Um tipo de música trata da nossa condição como pecadores dependentes da graça, da misericórdia e salvação, louvando ao Deus que a concede através da Palavra e a afirmação dos textos bíblicos. O outro tipo de música trata da intimidade (e sinto até uma dor ao lembrar disso pelos irmãos que levei por esse caminho), trata do desejo de estar fisicamente perto do Senhor, de "sentir" seu abraço, de "tocar" no seu rosto, de "ver" seu sorriso, de molhar seus pés com minhas lágrimas, deitar em seu colo e dezenas de outras ilustrações que quase todo cristão já cantou chorando de joelhos, ou completamente prostrado no chão em soluços e lágrimas, ou ao menos ouviu e sentiu culpa por não conseguir "sentir" o êxtase da adoração extravagante, como é conhecida.
E onde está o problema? O que está errado com a conhecida adoração extravagante?
Em primeiro lugar é necessário declarar que a intimidade física desejada ou uma expressão física qualquer não é adoração, pode até ser extravagante e exagerada, mas não é importante, boa ou saudável para o crescimento cristão. Porque não é bíblica:
Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Jo 4:20-24
Querer estar para sempre com o Senhor é uma atitude correta, querer tê-lo consigo, andar nos seus passos. Mas tentar traduzir essa necessidade para a nossa realidade é inapropriado porque simplesmente não está na Bíblia e o tipo de adoração que a mulher samaritana prestou ao Senhor depois desse diálogo foi o mais sincero, útil e valioso possível:
Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?! Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele. Jo 4:28-30
Ela saiu para falar dEle. Ela entendeu que era o mais importante. Em geral, no contexto bíblico, a adoração ou o resultado da obra do Senhor nas vidas é a proclamação dos Seus Feitos, a exaltação da Sua Palavra. Vemos isso nos Salmos, nos profetas, na vida do Senhor Jesus e no caminhar de seus discípulos.
Mas e sobre as pessoas que adoraram ao Senhor Jesus desse jeito extravagante? Ele não chutou nem se esquivou, ao que parece, mas mostrou o que esperava:
E eis que Jesus veio ao encontro delas e disse: Salve! E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés e o adoraram. Então, Jesus lhes disse: Não temais! Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia e lá me verão. Mt 28:9-10
Sobre a intimidade verdadeira com o Senhor:
Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. Não fostes vós que me escolhestes a mim ; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Jo 15:13-16 (ênfase pessoal, indicando o centro da ordem)
Considerando a adoração ao Senhor ainda uma última passagem a referir:
Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. 1Sm 15:22
Quando Saul fez o que não devia, alegando adoração a Deus, ficar com o melhor para sacrificar ao Senhor, foi advertido que a obediência a Palavra é sempre mais importante que qualquer sacrifício e a submissão é a maior expressão de adoração. Andar na Verdade é adorar.
E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 2Co 5:15
Viver para o Senhor é verdadeira extravagância. Que a minha e a sua vida sejam como um sacrifício de aroma suave a agradável a Deus, que sejamos o louvor da Sua abundante graça e infinita misericórdia.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

No Deserto


Ultimamente tenho dito aos amigos que o carro que temos é o "carro do deserto", numa referência ao fato que em 2 anos não houve nenhum problema mecânico e nenhuma manutenção  imprevista. E a referência do deserto vem da lembrança dos quarenta anos que o povo de Israel passou ao sair do Egito. Quarenta anos onde os calçados em seus pés não gastaram e as roupas não estragaram. Quarenta anos sem plantar uma semente, sem cavar um poço. Quarenta anos sendo conduzidos por uma coluna de nuvem durante o dia, e por uma coluna de fogo durante a noite. Durante 6 dias da semana eles recebiam um pão do céu e durante os primeiros 5 dias, se guardassem, estragava. Apenas o que era guardado no sexto dia poderia ser consumido no dia seguinte, em que não encontravam o maná no chão pela manhã. Uma rocha os acompanhava e vertia água quando tinham sede. Quando reclamaram que só havia pão para comer, codornizes foram enviadas ao meio do acampamento para servirem de alimento a um povo inconsistente e ingrato. Quarenta anos sendo servidos pela presença de um Deus fiel e misericordioso, protegidos do sol durante o dia, do frio à noite, das feras, dos perigos do deserto.

No meio do deserto, o Senhor preparou um lugar para encontrar-se com seu povo, para ensinar-lhe a conviver a andar nos seus caminhos. No decorrer dos anos eles foram ensinados sobre vida familiar, higiene, alimentação, história, relações com outras nações, sobre a importância do culto, do arrependimento, do perdão, da justiça. Em todos os anos eram lembrados sobre tudo que Deus havia feito por eles na celebração da Páscoa.



“E o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite.” 
Êxodo 13:21-22



Mas foram quarenta anos no deserto. Sem endereço fixo, sem saber o que esperar do dia seguinte, sem poder planejar o próximo passo. Sem saber para onde estavam sendo levados, possuindo tudo, mas nada além do necessário. O deserto ensina que Deus cuida, que Ele está presente, que nada vai faltar. Mas é um deserto. É necessário caminhar sob o sol, compartilhar o pouco que se possui, permanecer juntos o suficiente para sentir os espinhos uns dos outros. Por mais intensa que seja a experiência, ninguém deseja permanecer no deserto. Bem verdade que alguns ficarão por lá, a maioria não completará o trajeto. Alguns não suportarão esperar pelas promessas, outros correrão adiante acreditando em si mesmos e poucos terão o coração ardendo a cada refeição, em cada nova manhã de graça, provisão e maravilhosa presença.

O tempo no deserto deveria ter servido ao povo para mostrar-lhes que podiam confiar no SENHOR, mas a cada oportunidade eles se esqueciam das suas maravilhas.
Não sabemos quanto será nosso tempo no deserto, nem tudo que virá dele. Que nossa fé seja aumentada, a confiança alicerçada, o serviço aprimorado e nossa dedicação sincera. Que nos entreguemos ao Senhor, presente no deserto, constante em nossas vidas.