sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

No Deserto


Ultimamente tenho dito aos amigos que o carro que temos é o "carro do deserto", numa referência ao fato que em 2 anos não houve nenhum problema mecânico e nenhuma manutenção  imprevista. E a referência do deserto vem da lembrança dos quarenta anos que o povo de Israel passou ao sair do Egito. Quarenta anos onde os calçados em seus pés não gastaram e as roupas não estragaram. Quarenta anos sem plantar uma semente, sem cavar um poço. Quarenta anos sendo conduzidos por uma coluna de nuvem durante o dia, e por uma coluna de fogo durante a noite. Durante 6 dias da semana eles recebiam um pão do céu e durante os primeiros 5 dias, se guardassem, estragava. Apenas o que era guardado no sexto dia poderia ser consumido no dia seguinte, em que não encontravam o maná no chão pela manhã. Uma rocha os acompanhava e vertia água quando tinham sede. Quando reclamaram que só havia pão para comer, codornizes foram enviadas ao meio do acampamento para servirem de alimento a um povo inconsistente e ingrato. Quarenta anos sendo servidos pela presença de um Deus fiel e misericordioso, protegidos do sol durante o dia, do frio à noite, das feras, dos perigos do deserto.

No meio do deserto, o Senhor preparou um lugar para encontrar-se com seu povo, para ensinar-lhe a conviver a andar nos seus caminhos. No decorrer dos anos eles foram ensinados sobre vida familiar, higiene, alimentação, história, relações com outras nações, sobre a importância do culto, do arrependimento, do perdão, da justiça. Em todos os anos eram lembrados sobre tudo que Deus havia feito por eles na celebração da Páscoa.



“E o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite.” 
Êxodo 13:21-22



Mas foram quarenta anos no deserto. Sem endereço fixo, sem saber o que esperar do dia seguinte, sem poder planejar o próximo passo. Sem saber para onde estavam sendo levados, possuindo tudo, mas nada além do necessário. O deserto ensina que Deus cuida, que Ele está presente, que nada vai faltar. Mas é um deserto. É necessário caminhar sob o sol, compartilhar o pouco que se possui, permanecer juntos o suficiente para sentir os espinhos uns dos outros. Por mais intensa que seja a experiência, ninguém deseja permanecer no deserto. Bem verdade que alguns ficarão por lá, a maioria não completará o trajeto. Alguns não suportarão esperar pelas promessas, outros correrão adiante acreditando em si mesmos e poucos terão o coração ardendo a cada refeição, em cada nova manhã de graça, provisão e maravilhosa presença.

O tempo no deserto deveria ter servido ao povo para mostrar-lhes que podiam confiar no SENHOR, mas a cada oportunidade eles se esqueciam das suas maravilhas.
Não sabemos quanto será nosso tempo no deserto, nem tudo que virá dele. Que nossa fé seja aumentada, a confiança alicerçada, o serviço aprimorado e nossa dedicação sincera. Que nos entreguemos ao Senhor, presente no deserto, constante em nossas vidas.