sábado, 26 de novembro de 2016

O que é realmente necessário?


Você já fez uma avaliação sincera sobre a forma como leva sua vida?

Seu significado maior, não as coisas secundárias. Faço questão de excluir dessa reflexão seu desejo por um carro, um barco, uma viagem, uma casa, um relacionamento, um status.
A maioria das pessoas caminha pela vida desprovida de propósito. Seguem a correnteza, são arrastadas pela multidão, pelos gritos, pelos empurrões. Seus objetivos apontam coisas transitórias, que possuem um "se" na frente, e isso, nem de longe, é algo a ser considerado.
Possuir planos, iniciar e concluir algo relevante, atingir metas pessoais não fará de você uma pessoa realizada. Isso se chama ciclo. E os ciclos se repetem com determinada frequência. Nossas vidas são, de certa forma, uma sucessão de ciclos naturais, dos quais é impossível escapar. Outros ciclos são convenções sociais, aos quais parecemos pertencer. Foram, em algum momento antes de chegarmos, instituídos como algo que se esperava de nós. Adquirir conhecimentos inerentes a uma profissão, buscar uma colocação que permita uma recompensa financeira, emocional e social, unir-se a grupos de interesse, adequar convicções, expectativas, e aceitar que isso é tudo.
Quando foi a última vez que você decidiu voluntariamente não fazer nada enquanto observava o vai e vem das ondas do mar, o efeito do vento nas folhas de uma árvore, um silencioso pôr do sol, a dinâmica das nuvens num dia claro, o céu estrelado de uma noite qualquer, o barulho dos pingos de chuva no telhado ou uma criança brincando imersa em sua própria imaginação?
Parece que trocamos o poder de tomar decisões simples para viver rodeados de urgências e necessidades insaciáveis. Enquanto nunca satisfeitos, a rodinha do hamster continua acelerada, reproduzindo o mesmo ciclo e autenticando a necessidade da sua repetição.
Você se imagina autêntico por fazer o que os outros fazem, por suas conquistas e por não fugir a regra. Você entrou em um grupo menor e esse grupo agora é diferente da massa, mas fez seu formato igual ao deles. Existe mesmo autenticidade? Existe mesmo originalidade? É possível ser diferente?
Quando você completa um ciclo, você volta ao lugar de partida. Mas não sem antes passar pela depressão que segue uma conquista. Não existe caminho direto ao topo, estrada reta, um mapa atualizado com todos os obstáculos, com o aviso da eminente chegada ao cume, ou com o prenúncio da descida. Existe a vida. Ela é única. Singular para cada indivíduo. Perseguir os sonhos artificiais vendidos pelos outros poderá preencher seus dias, mas nunca saciará sua fome. Você pode conquistar símbolos de sucesso e ainda identificar a si mesmo como um fracasso, apenas porque buscou o que era o sucesso para outra pessoa ou para um grupo social específico.
Quando encontrei o que era sucesso para minha vida, muitas coisas deixaram de fazer sentido. E o que realmente estava no centro dos meus objetivos, isso tornou-se tão claro e fixo, como se tivesse encontrado o segredo do movimento perpétuo, aquele motor que se move infinitamente por sua própria força. Não espere menos que isso, e não se desespere se ainda não encontrou. Parar de procurar faz parte da busca.
As consequências, as coisas que perdem o sentido, essas incomodam um pouco (bastante). As reviravoltas balançam todas as estruturas. Pode ser que o emprego acabe, talvez a calmaria de uma cidade familiar, os amigos que estavam ali, aquele sensato ceticismo que você sempre cultivou vai embora pra sempre. Você é a mesma pessoa, mas é alguém completamente diferente. Motivado e satisfeito ainda que não tenha alcançado tudo que deseja. Como Paulo, o apóstolo:
"Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." Fp 3:12-14
A condição efêmera da vida conduz à busca por coisas permanentes. E querem convencer você que a satisfação imediata das suas necessidades inventadas é mais importante do que se encontrar permanentemente satisfeito. Alguém inteiro não corre atrás do vento, não compra os últimos lançamentos de todas as modas, não expõe sua futilidade considerando presença de espírito.
A grande mentira é que o mundo gira por causa do consumo. Que o consumo fortalece a produção e assim a economia cresce. Insustentável. Quanto mais ar você soprar para dentro de um balão, maior ele vai ficar, até explodir. O mundo vai continuar, certamente com mais tranquilidade e consistência se aprendermos a ciência do contentamento. Castelos de areia são para crianças na praia, ou para artistas despreocupados. Mas é exatamente isso que desejam nos vender. E pelo preço mais caro. Ao custo do que é mais precioso: o tempo com a família, o tempo sem fazer nada, aquilo que chamam de ócio criativo, o tempo aprendendo um novo idioma, adquirindo uma nova habilidade. O tempo, único recurso realmente escasso e limitado nessa vida.
Mais um exemplo sobre aplicação do tempo e como as prioridades erradas tiram nossa paz:
"E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada." Lc 10:38-42
O que é realmente necessário?

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Tem um ponto de referência?

Vivemos numa época estranha. Absolutos e certezas são desvalorizados. Referenciais são descartados e há uma celebração constante de tudo que fuja ao comum e ordinário.
Nesse turbilhão de mudanças, você já se perguntou por que os engenheiros usam plantas para construir edifícios? Já pensou sobre a necessidade que você tem de um mapa, mesmo usando um sistema GPS, ao chegar em uma nova cidade? Já imaginou se o mar não obedecesse aos seus limites? Qual seria a segurança em uma construção feita sem referenciais? E se as ruas mudassem de nome e lugar o tempo todo?
Em um mundo de incertezas, o tempo todo estamos nos apoiando em constantes. Você espera que seus amigos estejam ali para chorar ou celebrar ao seu lado. Você espera que seu cônjuge esteja tão disposto quanto você de passar a vida inteira dedicando-se aos planos que vocês fizeram ou aos sonhos que tiveram juntos. Poucas coisas nos surpreendem. E a maioria das pessoas sofre com mudanças e não gosta muito de surpresas desagradáveis e algumas nem gostam de surpresas.
Nessa época estranha em que pontos de referência são tomados como estupidez ou radicalismo, todos evitam extremos. Em cima do muro é bom. Tem que ter equilíbrio. Nada de opiniões fortes. Sem essa de que certas coisas não mudam. Veja o que acontece lá do outro lado do mundo... Pessoas matando em nome do seu radicalismo, explodindo tudo, esse terrorismo desumano. A fé é cega, a religião é feia, o absoluto e certo é uma ignorância. Será mesmo?
E se a bússola deixasse de apontar o norte? Se as estações se confundissem? Se as calotas polares derretessem? Se as correntes marítimas mudassem? Pare por um momento e pense nas consequências dessas mudanças.
Porque neve, gelo e temperaturas negativas não são agradáveis ao ser humano, vamos aquecer as calotas polares e acabar com o inverno. Esse negócio de norte, sul, leste, oeste é preconceito, vamos abolir os pontos cardeais e chamar todos de norte. Não gostamos de calor demais. Vamos mudar o clima e deixar uma temperatura constante e agradável o ano todo em todos os lugares, nem chuva, nem sol. Vamos calar as pessoas que vivem sob certos padrões. Vamos matar todas as nações muçulmanas porque é de lá que vêm os terroristas. Aquelas criancinhas naquela escola estão aprendendo a ser homens bomba.
Não seja radical. Não existe esse negócio de certo e errado. Cada um deve seguir seu coração e fazer o que achar melhor para si mesmo.
Bem, eu tenho um norte em minha vida. Possuo um mapa e uma direção clara. Você pode discordar, mas só lhe dou o direito de dizer que isso está errado se vier a conhecer cada palavra como conheço. Se vier comigo caminhar pelas ruas traçadas nesse mapa e conhecer a cidade que foi preparada para a justiça. Para começar posso esclarecer algumas coisas.
Não adianta se apoiar no seu coração:
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Jeremias 17:9
Se você pensar um pouco, verá como seu coração te inclina em muitos momentos para direções que não são agradáveis e te leva a caminhos que você teria vergonha se viessem a público. Estou certo? Ótimo. Vamos adiante.
Meu pressuposto é que, SIM, existe um Criador. E nEle tenho uma segurança maravilhosa:
Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Ml 3:6
Filhos de Jacó, são os israelitas. Esse é o povo com o qual Deus tem uma aliança. Através desse povo, há uma herança para todas as nações:
Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam. Sl 86:5
Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno. Hb 4:16
Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. Tg 1:17

Mudanças são necessárias. Mas em toda mudança, é necessário manter algumas constantes e você sabe disso. Não destrua seus referenciais porque a sociedade está impondo. Não se deixe enganar, não se deixe perder pelo caminho. Existe um só norte.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Pobre, africano e homoafetivo, Jesus deu sua vida por alguém assim?

Pensando em certos conceitos criados pelo evangelicalismo brasileiro, com muita facilidade é possível descartá-lo como opção de fé e crença. Não apenas pela intolerância ou ignorância, mas essencialmente pela sua constante incongruência. Ser evangélico não é mais sinônimo de ser cristão, discípulo e seguidor de Jesus, o Nazareno, o Cristo, o Messias, o Servo Sofredor. Enquanto um discípulo de Jesus reconhece que está nesse mundo para viver como seu Mestre, brilhar sua luz nas trevas, temperar o mundo com suas atitudes, seu amor, seu serviço desinteressado, entregando sua vida, negando a si mesmo em favor dos outros (de todos, não apenas dos irmãos ou amigos próximos), dando mais que recebendo e sem esperar retribuição nessa vida, aceitando o sofrimento como companheiro de jornada, sabendo que sua piedade e semelhança com o Mestre não lhe pouparão de agruras e tristezas, não lhe trarão prosperidade financeira, estabilidade pessoal ou profissional, acordando a cada dia para andar como se fosse o último, como se estivesse caminhando para a cruz, confrontando em si mesmo o pecado, o desvio, a soberba, arrogância e dando ao mundo a oportunidade de conhecer seu Amado Salvador, o evangélico tradicional ou genérico vive arrotando seu moralismo, impondo sua retidão, vivendo numa santidade hipócrita, usando a máscara da religião, ditando regras até aos que não conhecem sua fé, e àqueles que ignoram sua religião, enquanto ele mesmo não se porta adequadamente dentro da rigidez que impõe aos outros, não controla as paixões que eventualmente se sobrepõe ao seu desejo de fazer as coisas certas, busca o primeiro lugar nos banquetes e a honra diante dos outros, dá com o intuito de receber, adula o próximo por interesses e despreza todo aquele que pensa diferente dele, ou que não age segundo as regras que ele acredita serem aceitáveis.
Geralmente a sociedade confunde os discípulos de Jesus com os evangélicos nominais simplesmente por ignorar que os discípulos de Jesus ainda existem. Até o mais perverso dos homens reconhece que um verdadeiro discípulo de Jesus deve ser alguém diferente em essência dos demais homens, ao mesmo tempo que pode ser tão humano e falho quanto ele mesmo, e na verdade é. Mas o interesse aqui não é diferenciar um cristão de um religioso qualquer, por mais que essa introdução se faça necessária.
Voltando ao início do texto e aos conceitos difundidos pela religiosidade dita cristã na sua quase totalidade, é possível identificar que eles trazem a tona um ódio irrefreável por tudo que é diferente e especialmente pelo desconhecido. É certo que a Bíblia, texto sagrado dos cristãos nominais e também dos discípulos de Jesus, expõe a pecaminosidade humana em detalhes e também esclarece atitudes e situações que desagradam a Deus, o Deus bíblico, representado na própria pessoa de Jesus. Da mesma forma, demonstra as atitudes do povo de Deus diante do pecado no meio da sua própria nação, não em outras. E demonstra as atitudes de Jesus e seus discípulos diante do pecado daqueles que se diziam reverentes ao seu Deus. Em raros momentos é possível identificar um judeu (no antigo testamento) repreendendo um estrangeiro ou qualquer outra pessoa ou nação que não declarasse servir ao mesmo Deus, e quando isso acontece, é por ordem expressa do próprio Deus com um  propósito bem claro e estabelecido. Mais raro ainda é encontrar nos evangelhos e cartas deixadas pelos discípulos de Jesus atitudes em que Jesus ou um seguidor, confronta o pecado de alguém que não professa a mesma fé, ou que não esteja buscando sua opinião à respeito. O foco da pregação nunca é a atitude do homem pecador, mas a atitude de um Deus amoroso que entregou seu filho para morrer por esse homem pecador, para purificá-lo, para torná-lo um discípulo e só então, separá-lo para o seu serviço.
A Bíblia declara:

“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles.” 2Timóteo 3:1-9

Ao que parece, essa passagem trata de homens religiosos. Homens que “tendo aparência de piedade, negam sua eficácia”. Não trata de pessoas de fora do círculo religioso, nem de pessoas que não professam fé alguma, andando por isso segundo seu próprio conselho. Se assim for, parece claro que o discípulo de Jesus não está no mundo para seguir apontando os erros dos outros, nem ao menos estabelecendo a quem ainda não é discípulo, uma forma de levar a vida, se relacionar, pensar, agir ou falar. O discípulo de Jesus sabe que as mudanças promovidas pelo Evangelho são de dentro para fora, nunca uma conformação exterior com qualquer tipo de estereótipo, nem a defesa ou estigmatização dos mesmos.
O mundo não é a igreja. O mundo não será a igreja. Os discípulos de Jesus não pertencem ao mundo e não devem se envolver em negócios desta vida, mas devem procurar a paz com todos no que for possível, pois estão no mundo. Ostentar preconceito por classe social, nacionalidade,  desrespeitar direitos civis declarando estar a favor da família é hipocrisia no sentido de “falsa devoção” definido pelo Aurélio. Ofender e agredir pessoas por sua opção sexual, não é papel do discípulo de Jesus, ainda que a Bíblia trate a diversidade que vem desde sempre, como um desvio do plano estabelecido pelo Criador, assim como trata diversas outras questões totalmente ignoradas, não é papel da igreja legislar sobre os direitos civis por não ser ela uma nação estabelecida aqui. O estado é laico, não possui religião ou fé declarada e não deve impor a ninguém ideologias de qualquer texto sagrado de qualquer religião.
Um discípulo de Jesus não ensina preconceito a seu filho. Ensina ele no caminho que deve andar. Guarda seu filho da influência do mundo enquanto for possível, e prepara ele para andar segundo seu exemplo, ensina o amor, o respeito, a tolerância para com o que é diferente. Tem firme na sua mente que se Jesus fosse preconceituoso como os líderes religiosos e seus seguidores, não haveria esperança para qualquer pessoa. Não teria sequer nascido nessa terra, e se o tivesse, não andaria com os proscritos da sociedade, nem buscaria discípulos entre pobres e ignorantes pescadores ou gananciosos e perversos coletores de impostos, jamais aceitaria morrer entre dois criminosos para que outros criminosos pudessem ser perdoados.
A resposta seria a mesma se a pergunta variasse a condição social, a etnia e a opção sexual. E você deve saber respondê-la.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Conhece o Programa de Milhas para Jesus?



De companhias aéreas a postos de gasolina, de farmácias a lojas de departamentos, os programas de fidelização tornaram-se uma febre e a maioria deles é conversível em milhas para compra de pacotes de viagem e passagens por valores muito baixos.
E a idéia é mais antiga do que se imagina...
Há quase 2 mil anos, Jesus, em seu conhecido sermão do monte, instituiu o primeiro programa para acúmulo de milhas. E, diferente dos programas atuais, não era um programa para fidelizar seus seguidores, mas para favorecer seus inimigos.
Sob o domínio do império romano, os cidadãos dos povos subjugados, se solicitados por um soldado romano, eram obrigados a caminhar uma milha carregando sua bagagem. O povo judeu estava sob o império romano, e esperava que seu Messias viesse livrá-los do jugo. Mas Jesus, frustrando as expectativas, propõe o inusitado. Chega afirmando que seus discípulos devem, se solicitados a caminhar uma milha, ir adiante, de livre e espontânea vontade, a segunda milha. E vai além: Ensina a dar àquele que lhe pede e não desviar do caminho daquele que necessita da sua ajuda, amar os inimigos e por eles orar.
Mesmo que o primeiro beneficiado com o programa de milhagens de Jesus fosse o inimigo: "Tome sua milha de um seguidor de Jesus e ganhe a segunda milha automaticamente", certamente não será menos favorecido aquele que dessa forma obedece e serve, ainda que em momento algum o texto bíblico no sermão de Jesus tome essa ênfase. Na verdade ele reforça com veemência a atitude da segunda milha:
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Mateus 5:39-44
Conhecer pessoas que estão acumulando milhas entregues ao Senhor Jesus é um privilégio que poucos têm experimentado. Os dias são de louvor ao egocentrismo, de incentivo ao amor próprio, de elevação da auto-estima. O mundo está gritando: SATISFAÇA SEUS DESEJOS, SIGA SEUS INSTINTOS, OBEDEÇA SUA VONTADE! O Senhor Jesus permanece manso e suave em sua Palavra sussurando: Negue a si mesmo, dê a si mesmo, não viva mais para seu umbigo...
Andar ao lado de pessoas que, não se conformando em andar a segunda milha, seguem a terceira, a quarta... a centésima milha, dão o seu tempo, sua vida, seus bens, nada disso considerando seu, ensina que a vida conforme o mundo é escravidão, mas que a vida segundo a Palavra, sem a ajuda do Autor, também pode ser difícil. Ainda bem que Ele mesmo nos garante:
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Adoração Extravagante


Recentemente coloquei  para tocar no carro um dos cds antigos (daqueles que nos são presenteados e que a gente jamais compraria) e tentei deixar-me embalar pela música, mas a mente desperta e esclarecida (cf. 2Pe 3:1) não deixou passar quase nada. Primeiramente por afirmações antibíblicas que beiram ao absurdo, mas também e principalmente, pela lembrança de algumas passagens bíblicas sobre adoração, e o formato da adoração, que nada tinham a ver com a letra das músicas ou com o estilo defendido pelos intérpretes.

Devo admitir que, por muito tempo, fui adepto e defensor de um estilo musical que permitisse explorar os sentimentos e que, a meu ver, ajudava no arrependimento e na cura dos corações. Isso porque eu queria que fosse assim, porque sou sentimental, emotivo e passional. Então, andando na Palavra e deixando-a sobrepor aos sentimentos pude ver com clareza meu engano. É importante esclarecer que a música cristã me emociona, a Palavra de Deus cantada me toca, atinge o âmago de meu ser, limpa, cura e transforma minha vida. Isso jamais deixou de ser um fato.
E qual seria a diferença que procuro salientar? A linha divisória não é tênue, nem imperceptível. Pelo contrário é clara e tangível. Um tipo de música trata da nossa condição como pecadores dependentes da graça, da misericórdia e salvação, louvando ao Deus que a concede através da Palavra e a afirmação dos textos bíblicos. O outro tipo de música trata da intimidade (e sinto até uma dor ao lembrar disso pelos irmãos que levei por esse caminho), trata do desejo de estar fisicamente perto do Senhor, de "sentir" seu abraço, de "tocar" no seu rosto, de "ver" seu sorriso, de molhar seus pés com minhas lágrimas, deitar em seu colo e dezenas de outras ilustrações que quase todo cristão já cantou chorando de joelhos, ou completamente prostrado no chão em soluços e lágrimas, ou ao menos ouviu e sentiu culpa por não conseguir "sentir" o êxtase da adoração extravagante, como é conhecida.
E onde está o problema? O que está errado com a conhecida adoração extravagante?
Em primeiro lugar é necessário declarar que a intimidade física desejada ou uma expressão física qualquer não é adoração, pode até ser extravagante e exagerada, mas não é importante, boa ou saudável para o crescimento cristão. Porque não é bíblica:
Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Jo 4:20-24
Querer estar para sempre com o Senhor é uma atitude correta, querer tê-lo consigo, andar nos seus passos. Mas tentar traduzir essa necessidade para a nossa realidade é inapropriado porque simplesmente não está na Bíblia e o tipo de adoração que a mulher samaritana prestou ao Senhor depois desse diálogo foi o mais sincero, útil e valioso possível:
Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?! Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele. Jo 4:28-30
Ela saiu para falar dEle. Ela entendeu que era o mais importante. Em geral, no contexto bíblico, a adoração ou o resultado da obra do Senhor nas vidas é a proclamação dos Seus Feitos, a exaltação da Sua Palavra. Vemos isso nos Salmos, nos profetas, na vida do Senhor Jesus e no caminhar de seus discípulos.
Mas e sobre as pessoas que adoraram ao Senhor Jesus desse jeito extravagante? Ele não chutou nem se esquivou, ao que parece, mas mostrou o que esperava:
E eis que Jesus veio ao encontro delas e disse: Salve! E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés e o adoraram. Então, Jesus lhes disse: Não temais! Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia e lá me verão. Mt 28:9-10
Sobre a intimidade verdadeira com o Senhor:
Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. Não fostes vós que me escolhestes a mim ; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Jo 15:13-16 (ênfase pessoal, indicando o centro da ordem)
Considerando a adoração ao Senhor ainda uma última passagem a referir:
Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. 1Sm 15:22
Quando Saul fez o que não devia, alegando adoração a Deus, ficar com o melhor para sacrificar ao Senhor, foi advertido que a obediência a Palavra é sempre mais importante que qualquer sacrifício e a submissão é a maior expressão de adoração. Andar na Verdade é adorar.
E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 2Co 5:15
Viver para o Senhor é verdadeira extravagância. Que a minha e a sua vida sejam como um sacrifício de aroma suave a agradável a Deus, que sejamos o louvor da Sua abundante graça e infinita misericórdia.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

No Deserto


Ultimamente tenho dito aos amigos que o carro que temos é o "carro do deserto", numa referência ao fato que em 2 anos não houve nenhum problema mecânico e nenhuma manutenção  imprevista. E a referência do deserto vem da lembrança dos quarenta anos que o povo de Israel passou ao sair do Egito. Quarenta anos onde os calçados em seus pés não gastaram e as roupas não estragaram. Quarenta anos sem plantar uma semente, sem cavar um poço. Quarenta anos sendo conduzidos por uma coluna de nuvem durante o dia, e por uma coluna de fogo durante a noite. Durante 6 dias da semana eles recebiam um pão do céu e durante os primeiros 5 dias, se guardassem, estragava. Apenas o que era guardado no sexto dia poderia ser consumido no dia seguinte, em que não encontravam o maná no chão pela manhã. Uma rocha os acompanhava e vertia água quando tinham sede. Quando reclamaram que só havia pão para comer, codornizes foram enviadas ao meio do acampamento para servirem de alimento a um povo inconsistente e ingrato. Quarenta anos sendo servidos pela presença de um Deus fiel e misericordioso, protegidos do sol durante o dia, do frio à noite, das feras, dos perigos do deserto.

No meio do deserto, o Senhor preparou um lugar para encontrar-se com seu povo, para ensinar-lhe a conviver a andar nos seus caminhos. No decorrer dos anos eles foram ensinados sobre vida familiar, higiene, alimentação, história, relações com outras nações, sobre a importância do culto, do arrependimento, do perdão, da justiça. Em todos os anos eram lembrados sobre tudo que Deus havia feito por eles na celebração da Páscoa.



“E o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite.” 
Êxodo 13:21-22



Mas foram quarenta anos no deserto. Sem endereço fixo, sem saber o que esperar do dia seguinte, sem poder planejar o próximo passo. Sem saber para onde estavam sendo levados, possuindo tudo, mas nada além do necessário. O deserto ensina que Deus cuida, que Ele está presente, que nada vai faltar. Mas é um deserto. É necessário caminhar sob o sol, compartilhar o pouco que se possui, permanecer juntos o suficiente para sentir os espinhos uns dos outros. Por mais intensa que seja a experiência, ninguém deseja permanecer no deserto. Bem verdade que alguns ficarão por lá, a maioria não completará o trajeto. Alguns não suportarão esperar pelas promessas, outros correrão adiante acreditando em si mesmos e poucos terão o coração ardendo a cada refeição, em cada nova manhã de graça, provisão e maravilhosa presença.

O tempo no deserto deveria ter servido ao povo para mostrar-lhes que podiam confiar no SENHOR, mas a cada oportunidade eles se esqueciam das suas maravilhas.
Não sabemos quanto será nosso tempo no deserto, nem tudo que virá dele. Que nossa fé seja aumentada, a confiança alicerçada, o serviço aprimorado e nossa dedicação sincera. Que nos entreguemos ao Senhor, presente no deserto, constante em nossas vidas.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Médico ferido

Alguns anos atrás li algo sobre o médico que possui uma doença ou ferimento. Ele interage melhor com os pacientes, não pelo conhecimento adquirido formalmente, mas pelo sentimento. Hoje uma história semelhante apareceu no livro que peguei para ler no primeiro momento da manhã e uma frase marcou profundamente:
"...nem mesmo os anjos conseguem ser tão convincentes quanto um ser humano quebrado pelas rodas do viver."
Não poderia ser mais exato pelos sentimentos do dia a lembrança do médico ferido. Há exatamente um ano tudo desabou. Toda segurança, certeza, estabilidade alcançadas nesta vida, esvaíram-se em questão de segundos, tenebrosos segundos que estenderam suas trevas pelos meses seguintes, chegando até hoje e não parando aqui.
Foi como se tivesse sido colocado tetraplégico sobre um leito, sem ninguém para levar uma cadeira de rodas, trocar minhas roupas, cuidar de mim. Dor, angústia e sofrimento chegaram a níveis insuportaveis que jamais imaginei sentir. E não houve alívio. Não achei descanso. A noite era para chorar e o dia para esconder.
Ao mesmo tempo que estava no meio da tempestade e perdido sem esperanças, havia a presença constante do Senhor e essa presença não diminuía o sofrimento, não aliviava a dor. Ele estava ali comigo, mas deixou-me ferir e mesmo conhecendo a história do médico ferido, não queria entender o que estava acontecendo.
Ainda não entendo. Acredito que Deus em sua onisciência e sabedoria sem fim não saiu do controle nem mudou seus planos, mas ainda parece incompreensível. Reconheço o papel da adversidade no crescimento, e entendo a importância da dor no processo da cura. Mas resisto em sentir a dor, crio proteções e subterfúgios para adiar o desespero e a privação que seguem a implosão da minha estrutura.
E novamente aos pés do Senhor estou:

Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.
Hebreus 4:15-16

Nosso médico ferido é o Senhor Jesus e nosso exemplo a seguir: dar a nossa vida pelos nossos irmãos, deixando-nos quebrar pelo caminho.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Frase da semana


Mais ou menos isso:
Estar na tormenta com o Senhor Jesus é melhor que estar sem Ele na bonança.
Variações:
Enfrentar tribulação com Deus é melhor que estar tranquilo sem Ele.
É melhor estar aflito no Senhor do que em aparente paz longe da sua presença. 

Em toda a angústia deles ele foi angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, e pela sua compaixão ele os remiu; e os tomou, e os conduziu todos os dias da antiguidade. Is 63,9

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Minha casa é território estrangeiro

Os noticiários estão falando sobre o golpe de estado em Honduras porque Brasil acabou entrando no meio de campo, dando asilo ao presidente deposto. Ficou um clima pesado, inclusive após o ex-presidente  retornar ao seu país e ficar protegido na Embaixada Brasileira. Pelos tratados internacionais uma Embaixada é território estrangeiro, é território do país que representa. Na teoria, o tal presidente está no Brasil ainda, mesmo estando em seu país. Algo respeitado pela maioria das nações. E mesmo num momento onde o Brasil não deveria intrometer-se ainda é respeitado.
Funciona mais ou menos como uma gota de óleo quando cai na água. Não mistura. Quase todas as pessoas já tiveram contato com essa experiência. Mas nem todo mundo sabe que apesar de não misturar-se imediatamente, o óleo vai diluindo na água, de forma que 1 litro de óleo contamina 1 milhão de litros de água. O cristão no mundo é como uma gota de óleo no meio da água ou conforme o apóstolo Paulo, um embaixador de sua pátria, o Reino dos Céus:
Se alguém está em Cristo, é uma nova criação; passou o que era velho, eis que se fez novo. Mas todas as coisas vêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus em Cristo estava reconciliando o mundo consigo, não lhes imputando as suas transgressões, e tendo confiado a nós a palavra da reconciliação. Somos, portanto, embaixadores por Cristo, como se Deus exortasse por nós; por Cristo vos rogamos que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que nós nos tornássemos justiça de Deus nele.  2 Co 5:17-21 (destaque pessoal)
 E como um embaixador não se envolve com os costumes do país onde se encontra, mas somente do país ao qual pertence, assim os cristãos devem viver. O cristão deve ser um elo entre o local onde vive e mora e o local ao qual pertence. Pelo seu jeito de andar, falar, vestir e viver deve demonstrar sua origem, sua nacionalidade celestial. Ao mesmo tempo que respeita a cultura onde vive. Deve contaminar a sociedade com sua cidadania dos céus e como embaixador, proclamar a Paz de Deus aos que estão em rebelião.
Os dias são maus, mas o tempo é propício a salvação, a proclamação do reino dos céus, de onde somos e para onde vamos. Não nos envergonhemos da cruz, não tenhamos temor do que nos pode fazer o mundo, Ele venceu o mundo. Que nosso olhar, nosso amor e dedicação estejam em Jesus, nosso Salvador, Rei, Deus e Senhor.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quem é o tal?

Está ficando difícil não compartilhar a riqueza dos devocionais diários. Dessa feita Jesus estava saindo de Nazaré após a prisão de João Batista, para Cafarnaum na Galiléia, uma cidade a beira-mar. Não diz se foi logo chegando ou depois de já estar morando por ali que Jesus passou por uns pescadores na beira do mar da Galiléia e disse: 
Venham após mim, que farei de vocês pescadores de homens. 
Eles deixaram as redes e o seguiram. Eram os irmãos Pedro e André. Logo depois passou por outro barco e viu outros dois irmãos com seu pai e os chamou também. Eles deixaram as redes e seu pai e o seguiram. Eram Tiago e João. 
A primeira coisa a pensar é que, eles conhecendo Jesus, só podiam mesmo segui-lo. Mas Jesus era conhecido? Na Galiléia? Teve campanha no rádio, na TV, nos jornais com semanas de antecedência avisando da chegada de Jesus? Colocaram um outdoor avisando: "Na semana que vem, pregando pela Galiléia, Jesus de Nazaré (pode vir alguma coisa boa de Nazaré?)." É possível e até provável que Jesus fosse um completo desconhecido, exceto pela ocasião do seu batismo, mas como não tinha celular com câmera lá, ninguém sabia quem tinha sido o batizado especial. Então por que seguiram ele sem nenhum questionamento? 
Agora pensando nos chamados: por que ele chamou dois pares de irmãos que estavam ali pescando? Não eram escribas, não eram doutores da lei, não eram influentes, nem qualificados para o ministério. Eram homens pobres, simplórios e até rudes. Pior: eram irmãos. Quem tem irmãos de idades próximas sabe o quanto isso é bom e como pode ser ruim. Mas Jesus chamou e eles seguiram. Tinha algo neles de especial?
Vamos começar falando de Jesus, o Filho do Deus Todo Poderoso, Criador dos Céus e da Terra, Senhor dos Senhores e Rei dos Reis. Jesus, o Deus Vivo, o Verbo em Carne, o Primogênito de toda a criação, por meio de quem foram feitas todas as coisas e sem o qual nenhuma delas existiria. Ele chama quem quer. Mas melhor e mais importante: Ele é o Bom Pastor, conhece suas ovelhas, elas conhecem sua voz e o seguem. Simples assim. Quando Jesus chama, Ele chama. Sua autoridade precede o universo e sua existência.
Agora os discípulos... Eram alguma coisa especiais? Lembro sempre de Pedro e suas constantes mancadas. Sim, Pedro falava fora de hora, e tinha algumas idéias confusas. Exemplos: queria andar com Jesus sobre as águas. Andou e afundou porque teve medo. Quando Jesus falava do seu sofrimento e morte iminente, Pedro chamou ele num cantinho e o repreendeu. Jesus disse: Arreda Satanás, porque só pensas nas coisas terrenas e dos homens e não entende as coisas de Deus. No episódio da transfiguração no monte, Pedro se adiantou e falou em montar tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, aí o próprio Deus interrompeu Pedro dizendo: "Este é meu filho muito amado em quem me comprazo, a ele ouvi." Sem contar que Pedro foi quem disse que jamais deixaria Jesus e foi o primeiro a negá-lo. Os irmãos Tiago e João não eram menos problemáticos. Se lembrarmos bem, foram esses que pediram para sentar um à direita e outro à esquerda de Jesus no reino, e foram os que começaram a discussão sobre quem era o maior entre os discípulos. Interessante observar ainda que tudo isso aconteceu não no começo do caminhar deles com Jesus, mas até os últimos dias. Eles eram humanos, errados, arrogantes, egoístas, etc. etc.
Assim é possível concluir o seguinte: Quando alguém é chamado, não o é, por ser o tal alguém. Mas porque Jesus nele pode torná-lo um servo, em alguém digno de dar a vida por seus irmãos. Beber do seu cálice que nada mais é do que participar dos seus sofrimentos. Esta, a maior honra de um homem.